quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O que é solidão?

"O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) afirma em 'Ser e Tempo' que estar só é a condição original de todo ser humano. Que cada um de nós é só no mundo. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento da pessoa à sua própria sorte. Podemos nos conformar com isso ou não. Mas nos distinguimos uns dos outros pela maneira como lidamos com a solidão e com o sentimento de liberdade ou de abandono que dela decorre, dependendo do modo como interpretamos a origem de nossa existência. A partir daí podemos construir dois estilos de vida diferentes: o autêntico e o inautêntico."

"O homem se torna autêntico quando aceita a solidão como o preço da sua própria liberdade. E se torna inautêntico quando interpreta a solidão como abandono, como uma espécie de desconsideração de Deus ou da vida em relação a ele. Desse modo não assume responsabilidade sobre as suas escolhas. Não aceita correr riscos para atingir seus objetivos, nem se sente responsável por sua existência, passando a buscar amparo e segurança nos outros. Com isso abre mão de sua própria existência, tornando-se um estranho para si mesmo, colocando-se a serviço dos outros e diluindo-se no impessoal. Permanece na vida sendo um coadjuvante em sua própria história. Você já pensou nisso?"

"Sendo autêntico você assume a responsabilidade por todas as suas escolhas existenciais, aceita correr os riscos que forem necessários para atingir os seus objetivos, e passa a encontrar amparo e segurança em si mesmo. Com isso, apropria-se da existência, torna-se indivíduo, torna-se autônomo, torna-se dono da sua própria vida, dono da própria existência, torna-se senhor de si mesmo. Você se percebe sendo o senhor de si mesmo?"

Angústia

"A angústia provocada pela solidão é o sentimento que muitas pessoas experimentam quando se conscientizam de estarem sós no mundo. É o mal-estar que o ser humano experimenta quando descobre a possibilidade da morte em sua vida, tanto a morte física quanto a morte de cada uma das possibilidades da existência, a morte de cada desejo, de cada vontade, de cada projeto."

"Cada vez que você se frustra, que você não se supera, que você não consegue realizar seus próprios objetivos, você sente angústia. É como se você estivesse morrendo um pouco."

"Muitas pessoas sentem dificuldade de estarem a sós consigo mesmas. Não conseguem viver intensamente a sua própria vida. Muitas vezes elas acreditam que o brilho e o encantamento da vida se encontram no outro e não nelas mesmas. Sua vida tem um encantamento, um brilho, algo de especial porque é sua, apenas sua. Independentemente do que você esteja fazendo, sua vida pode ser intensa, prazerosa, simplesmente pelo fato de ser sua e por você ser único. Cada um de nós pode ser uma pessoa especial para si mesmo."

Solidão: a Condição do Ser

"A solidão é a condição do ser humano no mundo. Todo ser humano está só. Esta é a grande questão da existência, mas não significa uma coisa negativa, nem que precise de uma solução definitiva. Ou seja, a solução não é acabar com a solidão, não é deixar de sentir angústia, suprimindo este sentimento. A solução não é encontrar uma pessoa para preencher o vazio existencial, não é encontrar um hobby ou uma atividade. A solução não é se matar de trabalhar e se concentrar nisso para não se sentir sozinho. Também não é encontrar uma estratégia para driblar a solidão. A solução é aceitar que se está só no mundo. Simplesmente isso. E sabendo-se só no mundo, viver a própria vida, respeitar a própria vontade, expressar os próprios sentimentos, buscar a realização dos próprios desejos. Quando se faz isso, a vida se enche de significado, de um brilho especial."

"O objetivo não é fingir que a solidão não existe, não é buscar a companhia dos outros, porque mesmo junto com os outros você está e sempre será solitário. O outro é muito importante para compartilhar, trocar. O outro é muito importante para a convivência, mas não para preencher a vida, não para dar sentido e significado à uma outra existência. A presença do outro nos ajuda, compartilhando, mostrando a parte dele, dando aquilo que não temos e recebendo aquilo que temos para dar, efetivando a troca. Mas o outro não é o elemento fundamental para saciar a angústia ou para minimizar a condição de solidão."

"Cada um de nós nasceu só, vive só e vai morrer só."

"A experiência de cada um de nós é única. O nascimento é uma experiência única, pois ninguém nasce pelo outro. Da mesma forma que a morte é uma experiência única, pois ninguém morre pelo outro. E a vida inteira, cada momento, cada segundo da existência, é uma experiência única pois ninguém vive pelo outro."

Psicólogo Jadir Lessa
Psicoterapeuta Existencial
Autor dos livros Solidão e Liberdade e A Construção do Poder Pessoal

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Definitivo

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: S
e iludindo menos e vivendo mais!!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...
Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Wear sunscreen.

Ladies and gentlemen of the class of '97,

Wear sunscreen.

If I could offer you only one tip for the future, sunscreen would be it. The long-term benefits of sunscreen have been proved by scientists, whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own meandering experience. I will dispense this advice now.

Enjoy the power and beauty of your youth. Oh, never mind. You will not understand the power and beauty of your youth until they've faded. But trust me, in 20 years, you'll look back at photos of yourself and recall in a way you can't grasp now how much possibility lay before you and how fabulous you really looked. You are not as fat as you imagine.

Don't worry about the future. Or worry, but know that worrying is as effective as trying to solve an algebra equation by chewing bubble gum. The real troubles in your life are apt to be things that never crossed your worried mind, the kind that blindside you at 4 p.m. on some idle Tuesday.

Do one thing every day that scares you.

Sing.

Don't be reckless with other people's hearts. Don't put up with people who are reckless with yours.

Floss.

Don't waste your time on jealousy. Sometimes you're ahead, sometimes you're behind. The race is long and, in the end, it's only with yourself.

Remember compliments you receive. Forget the insults. If you succeed in doing this, tell me how.

Keep your old love letters. Throw away your old bank statements.

Stretch.

Don't feel guilty if you don't know what you want to do with your life. The most interesting people I know didn't know at 22 what they wanted to do with their lives. Some of the most interesting 40-year-olds I know still don't.

Get plenty of calcium. Be kind to your knees. You'll miss them when they're gone.Maybe you'll marry, maybe you won't. Maybe you'll have children, maybe you won't.

Maybe you'll divorce at 40, maybe you'll dance the funky chicken on your 75th wedding anniversary. Whatever you do, don't congratulate yourself too much, or berate yourself either. Your choices are half chance. So are everybody else's.

Enjoy your body. Use it every way you can. Don't be afraid of it or of what other people think of it. It's the greatest instrument you'll ever own.

Dance, even if you have nowhere to do it but your living room.Read the directions, even if you don't follow them.

Do not read beauty magazines. They will only make you feel ugly.

Get to know your parents. You never know when they'll be gone for good. Be nice to your siblings. They're your best link to your past and the people most likely to stick with you in the future.

Understand that friends come and go, but with a precious few you should hold on. Work hard to bridge the gaps in geography and lifestyle, because the older you get, the more you need the people who knew you when you were young.

Live in New York City once, but leave before it makes you hard. Live in Northern California once, but leave before it makes you soft. Travel.

Accept certain inalienable truths: Prices will rise. Politicians will philander. You, too, will get old. And when you do, you'll fantasize that when you were young, prices were reasonable, politicians were noble and children respected their elders.

Respect your elders.

Don't expect anyone else to support you. Maybe you have a trust fund. Maybe you'll have a wealthy spouse. But you never know when either one might run out.

Don't mess too much with your hair or by the time you're 40 it will look 85.

Be careful whose advice you buy, but be patient with those who supply it. Advice is a form of nostalgia. Dispensing it is a way of fishing the past from the disposal, wiping it off, painting over the ugly parts and recycling it for more than it's worth.

But trust me on the sunscreen.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

DEZ PASSOS PARA SE AMAR

Por Louise Hay

1 - Parem com toda a crítica - A crítica nunca muda coisa alguma. Recusem criticar-se. Aceitem-se exatamente como vocês são. Todos mudam. Quando vocês se criticam, suas mudanças são negativas. Quando se aprovam, suas mudanças são positivas.

2 - Não se alarmem - Parem de se aterrorizar com seus pensamentos. Encontrem uma imagem mental que lhes dê prazer e imediatamente desviem os seus pensamentos para algo agradável.

3 - Sejam gentis, bondosos e pacientes - tratem-se com paciência, gentileza e bondade. Tratem-se como fariam com alguém a quem amassem.

4 - Sejam gentis com sua mente. Odiar-se é somente odiar os seus próprios pensamentos. Mudem gentilmente os seus pensamentos para pensamentos mais amorosos.

5 - Elogiem-se. A autocrítica deprime o espírito interior. A exaltação o edifica. Afirmem a vocês mesmos como é apropriado o que estão fazendo com tudo.

6 - Apoiem-se. Aproximem-se dos amigos e permitam com que eles os ajudem. Ser forte é pedir por ajuda quando mais precisam.

7 - Sejam amorosos com seus pontos negativos - Reconheçam que os criaram para satisfazer uma necessidade. Agora estão encontrando novas maneiras positivas de preencherem estas necessidades. Liberem os velhos padrões.

8 - Cuidem do seu corpo - Aprendam sobre nutrição. O que o seu corpo necessita para ter a energia e a vitalidade ideal ? Aprendam sobre exercícios. Estimem o templo em que vocês vivem.

9 - Trabalho do Espelho - Olhem dentro dos seus olhos freqüentemente. Expressem o sentido crescente do amor que sentem por vocês mesmos. Perdoem-se por tudo, enquanto se fitam no espelho. Uma vez ao dia digam, "Eu amo você" para vocês mesmos no espelho.

10- Façam-no Agora - Não esperem até que vocês fiquem bem, percam peso ou recebam um novo emprego. Comecem agora, façam o melhor que puderem.

Extraído do Livro "Criando uma Abordagem Positiva" por Louise HayTraduzido por: Regina Drumond - reginamadrumond@yahoo.com.br

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Além do arco-íris

As velhas receitas para fazer o salário render, manter a saúde em dia, ser feliz e preservar o planeta já são conhecidas de quem fez as promessas de fim de ano. Porém, muitas vezes ficam apenas na vontade. Preparamos uma série de dicas possíveis para você se sentir renovado
por Lívia de Almeida

Lembra a história da menina Dorothy no clássico O Mágico de Oz, que sai de sua terra natal em busca de um lugar sem problemas, muito além do arco­íris? Todos nós já imaginamos a vida assim, como um cenário ideal, num filme colorido, em que nossos desejos se realizam sem a menor dificuldade. No entanto, às vezes, você não faz nem idéia de como chegar lá. E pior: a jornada sempre tem percalços. O Homem de Lata está enferrujado. O Espantalho busca a felicidade. Após a farra consumista do final de ano, o Leão tem vontade é de sair correndo. Você passou o ano anterior sem exercícios, comendo sem cuidado e o bem-estar parece distante. Ou seja, a vida em preto-e-branco, o caos de um furacão. Como aqueles quatro amigos, você pode botar o pé na estrada e tentar encontrar o Mágico de Oz, que atenderá a todos os seus pedidos, ou lembrar que os tesouros mais preciosos estavam o tempo todo mais perto do que se imaginava. Veja este guia que VIDA SIMPLES criou para desvendar os segredos que aparecem no caminho.

O HOMEM DE LATA

Cenário real
A gente sempre arruma desculpas para adiar a visita ao médico ou para mudar hábitos do dia-a-dia. “O brasileiro não é muito disciplinado: esquece da consulta, tem medo de achar algum problema”, diz o gerente de Oftalmologia do Hospital Cema, Pedro José Cardoso. O médico e escritor Drauzio Varella toca na questão em seu site: “Sabemos exatamente o que fazer para não passar fome naquela semana, como reservar algumas horas para dormir, trabalhar ou fazer sexo, mas somos incapazes de modificar o mais elementar de nossos hábitos mesmo sabendo que as conseqüências poderão ser fatais. Não me refiro apenas a mudanças radicais como largar de beber, deixar de fumar ou de ter relações sexuais desprotegidas com múltiplos parceiros, mas especialmente aos comportamentos rotineiros: comer um pouco mais do que o necessário, passar o dia sentado, esquecer de tomar remédios e de fazer controles periódicos de saúde”.

O que você precisa saber?
Segundo o Censo do IBGE, no ano 2000 já havia 25 mil centenários cadastrados no Brasil. Para fazer parte deste grupo e envelhecer bem (ou, pelo menos, tentar), teremos que planejar as mudanças necessárias. Mas não é só isso: é preciso também criar metas realistas, para que a expectativa não seja alta demais e a gente acabe frustrado. Samia Simurro, psicóloga e vice-presidente da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida), explica que existem diferentes estágios de amadurecimento para uma mudança: “Existe uma fase de pré­contemplação, quando a pessoa visualiza a mudança; a fase de contemplação, quando ela se informa; e a de ação, que marca o momento da mudança, na qual criamos estratégias para que a decisão funcione”.

E agora?
Trate da saúde do seu corpo antes que ele resolva reclamar. Um exemplo clássico é aquela famosa visita ao dentista apenas quando a dor de dente não pode mais ser ignorada. “A prevenção é o meio mais eficaz, mais barato e menos invasivo de investimento num sorriso bonito e saudável”, diz a dentista Andréa Dahdal. “Cuide de seus dentes na frente do seu filho, e faça isso com prazer. No futuro, ele vai gostar de ir ao dentista cuidar da saúde da boca”, afirma. Outra dica de prevenção, tão importante e tão simples quanto escovar os dentes e passar fio dental, vem do otorrinolaringologista Leandro Franchi: “Respirar nos grandes centros quer dizer respirar um ar poluído, com dificuldade; então, devíamos lavar o nariz com soro fisiológico, com a ajuda de uma seringa, todos os dias”.
A cada momento precisamos fazer escolhas, rever decisões, desde as mais simples até as mais complexas, projetando o futuro que realmente queremos. José Roberto Borin, assim como todos nós, nunca soube quanto tempo de futuro ainda poderá desfrutar, mas levou um susto quando seu irmão morreu de câncer e sua mãe teve um AVC isquêmico. Fumante desde os 15, sedentário, com histórico de diabetes na família, ele tremeu: “E agora?” Hoje seus filhos sempre sabem onde o pai está às 7 da manhã, em pleno domingo: correndo atrás da saúde e do bem-estar no parque Villa-Lobos, na zona oeste de São Paulo. É que Borin está se preparando para encarar os 87 km da Ultramaratona de Comrades, na África do Sul. Mas não pense que ele resolveu ser uma pessoa saudável da noite para o dia; levou algum tempo: “Em 99, eu entrei para o primeiro programa antitabagista do Banco do Brasil e parei de fumar. Aí, engordei. Então resolvi caminhar meia hora por dia junto com a Fátima, minha mulher. Passei para uma hora por dia. Só que dava um tédio... Comecei a trotar, a fazer uma corridinha de 1 minuto e andava 1 minuto, intercalava. Tomei gosto, e a corrida foi substituindo a caminhada”. Sempre com acompanhamento médico para conferir sua evolução, José Roberto Borin acredita que o mais importante mesmo foi ter chegado aos 53 anos com disposição e alegria de viver. “O meu conceito de vida foi mudando: eu criei um grupo de amigos, é um esporte que espairece a minha cabeça e eu posso interagir com gente de tudo quanto é idade e condição social.” Só não vale não fazer nada.

COMO PENSA O ESPANTALHO?

Cenário real
Todos buscam a felicidade, mesmo sem saber onde ela se encontra. Mães que trabalham fora cobram, de si mesmas, mais tempo com os filhos; executivos estão sempre em débito com as empresas; profissionais liberais são dependentes de seus telefones celulares. Ninguém parece estar satisfeito com o próprio corpo, com a conta bancária, com o tempo livre disponível, com o sentimento de solidão. Casamentos se desfazem, parentes e vizinhos brigam. Às vezes, conseguimos aplacar o estresse e a ansiedade comprando pequenos prazeres, que nos dão um alívio passageiro. Outras vezes, tudo perde o sentido e adoecemos: a Organização Mundial de Saúde calcula que 20% da população mundial já sofreu ou vai sofrer de depressão em alguma fase da vida.

O que você precisa saber?
Que não há uma resposta pronta e definitiva sobre o que é felicidade, porque ela se manifesta de forma diferente para cada um. Filósofos e poetas, em épocas diversas, tentaram defini-la. E pesquisadores buscam decifrá-la: Jorge Oishi, doutor em estatística pela Universidade Federal de São Carlos, (SP), assessorou um projeto de pesquisa, em 2004, com 6000 entrevistas em 74 municípios paulistas intitulado Mapa da Felicidade: “Sentimos, na análise dos dados, a importância dos relacionamentos interpessoais”. Além disso, um dos fatores que apareceu com força e que chama a atenção nos resultados da pesquisa (em 3º lugar) foi a importância da religiosidade ou espiritualidade como principal mola propulsora da felicidade. “Considerando que uma pessoa religiosa tem muito mais probabilidade de ser sociável, é bom saber que esse número de pessoas está aumentando, principalmente entre os jovens”, explica Jorge Oishi.
No livro O Amor Companheiro ­ A Amizade, Dentro e Fora do Casamento, o psicanalista Francisco Daudt mostra que a nossa espécie tem uma característica formidável chamada neotenia, que significa podermos continuar com qualidades da infância pela vida afora - como a imaginação, a curiosidade, a capacidade e o gosto de aprender, de se deslumbrar, de se encantar. Mas, em primeiro lugar, é preciso respeitar-se. Isso vale também para os enamorados que só andam grudados e querem saber, a todo instante, o que o outro está pensando: “Não deixe que a instituição do casamento seja maior do que vocês dois, como indivíduos; dane-se o senso comum que pede que vocês andem de mãos dadas no shopping”.

E agora?
O escritor americano Joseph Campbell (1904-1987), um dos maiores estudiosos de mitologia e história das religiões (inspirador, inclusive, do cineasta George Lucas na concepção de Guerra nas Estrelas), dizia que o que estamos procurando não é um sentido para a vida, mas a experiência de estarmos realmente vivos, de forma que a realidade exterior tenha ressonância no interior do nosso ser. Djair Guilherme e Claudia Pucci tinham sempre a sensação de que o que estavam fazendo era apenas “uma gota no oceano”. E sofriam de solidão nas principais fases de transição da vida diante das dificuldades de cada etapa. Encontraram sua maneira sua de viver dentro do Movimento Humanista, criado na década de 70 por um argentino chamado Silo (Mario Luis Rodrigues Cobos) para estudar as causas e as alternativas ao sofrimento do homem. Entre seus princípios, está considerar o ser humano como valor central, a nãoviolência ativa e a não-discriminação. “Temos práticas de trabalho pessoal, de meditação e retiros. E temos frentes de ação, onde organizamos grupos para desenvolver atividades”, conta Claudia. Djair começou ensinando a mexer na internet e criando projetos de reciclagem e doação de computadores. Mas bem podia ser a criação de uma publicação independente ou um grupo de teatro - na periferia ou em um bairro chique da cidade. Eles explicam que essa necessidade de reconhecer seu próprio valor e sua força existe em todo lugar. Hoje, casados, querem educar o filho Pedro dentro dessa mesma postura: “Quando você sabe que está construindo alguma coisa, isso é um alimento espiritual muito forte, é revolucionário”.

CORAGEM DE LEÃO

Cenário real
Apesar da expectativa de vida chegar aos 72 anos, apenas 16% da população brasileira já se preocupa com um plano de previdência, segundo o consultor financeiro e autor do livro Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, Gustavo Cerbasi. “Segundo dados da Serasa, 50% dos inadimplentes são jovens de até 30 anos”. Ou seja: é preciso pensar agora no seu amanhã.

O que você precisa saber?
Que nossa relação com o dinheiro diz muito sobre o que a gente pensa sobre segurança, as ambições e desejos que cultivamos, a nossa auto-estima. Você sabe onde gastou os últimos 100 reais? Despesas pequenas, que a gente costuma desprezar, abocanham um bom montante, na ponta do lápis. Quanto ficaram os filmes que você devolveu à locadora sem ter assistido? Por falar nisso, já reparou como nosso convívio familiar e social está quase sempre mediado pelo consumo? Quando a gente quer uma pausa no trabalho ou vai folhear uma revista, faz o quê? Vai tomar um cafezinho na padaria. Sábado à noite é dia de sair para comer fora; programa de pai é levar a criançada ao cinema do shopping. Às vezes é preciso ter coragem para ousar: que tal uma reunião em que cada amigo traz um prato? Ou levar o filho para dar uma volta no parque? Agora, não precisa exagerar também: depois de equilibrar as contas e guardar um percentual para a futura aposentadoria, não é pecado se dar o direito de alguns luxos quando sobra um dinheirinho na conta: gastar em um jantar romântico, criar uma nova poupança para a viagem sonhada, dar uma renovada no guarda-roupas. “É dessas oportunidades que vem a verdadeira sensação de bem-estar financeiro. Consumir sem culpa. Recarregar as pilhas”, afirma Cerbasi.

E agora?
Faça uma planilha simples, anotando todos os seus gastos, para decidir o que pode ser cortado do orçamento. Mas não transforme isso numa nova burocracia para a vida porque, daí, as chances de se cansar e desistir são grandes. Para começar, uma hora ao final de cada mês é o suficiente. Agora, se você descobrir que gasta mais do que ganha, não tem jeito: declare guerra às dívidas. Segundo Gustavo Cerbasi, o ideal é ter, na poupança, três vezes o seu consumo mensal. Quem tem uma reserva de emergência estaria preparado para eventuais surpresas e tem tempo para retomar a vida normal. Portanto, cuidado com as compras a prazo, porque elas podem desequilibrar todo o seu orçamento. Hoje, o crédito está fácil e os juros são baixos... mas só para conseguir o financiamento. “Para o inadimplente, os juros podem chegar a 14% ao mês, num atraso”, diz Diógenes Donizete Silva, do Procon-SP. Então, é melhor guardar o dinheiro, esperar e pagar à vista. De preferência, negociando um desconto com o gerente da loja - porque os juros altos já estão embutidos no preço.

E AÍ, DOROTHY?

Cenário real
Segundo o Instituto Akatu, se os padrões de consumo e produção se mantiverem como hoje, em menos de 50 anos serão necessários dois planetas Terra para atender nossas necessidades básicas.

O que você precisa saber?
Uma boa parcela da população já aderiu ao consumo consciente de água, eletricidade e combustíveis. Uma torneira pingando significa 46 litros de água por dia indo pelo ralo, à toa. Por isso, é importante estar bem informado sobre o estado do nosso planeta. Ângela Antunes, diretora do Instituto Paulo Freire, que trabalha com educação sustentável, dá a dica: “Poderíamos nos perguntar quantas coisas boas aprendemos com pessoas diferentes de nós. Mas, também, lembrar quem (e o que) está ausente: o que está faltando - e para quem. Como podemos incluir mais pessoas na perspectiva do bem-viver?”A chave está no diálogo. E no aprendizado.

E agora?
A preocupação com o planeta passa pela conscientização de todo o seu círculo de conhecidos. Vai longe o tempo em que era considerado chato aquele que falava em sustentabilidade. Agora, é questão de sobrevivência. Gaste seu latim, forneça informações e dados para quem ainda não se convenceu de que defender o planeta é assegurar a vida das próximas gerações. Conversar e informar: eis uma receita sustentável para 2008.